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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Livro: "Veronica Decide Morrer"

Imagem: AceShowBiz

Terminei de ler este livro finalmente. Sempre que começava, achava chato e desistia. O que me motivou tentar lê-lo novamente foi o filme, que gostei muito. É meio parado, mas a história é envolvente. Como a maioria dos livros do Paulo Coelho,  é meio autoajuda / espiritual.
O livro conta a história de Veronika, uma jovem eslovena, que não aceita a ideia de viver uma vida sem sentido, decidindo se matar com uma overdose de calmantes. O suicídio fracassa. Veronika é internada em uma clinica psiquiatrica. Atendida pelo médico, é informada que não terá mais que algumas semanas de vida, e provavelmente, morrerá internada.
Veronika achava que já tinha vivido tudo que tinha para viver, e que morrer jovem e bonita, enquanto a vida ainda estava boa era melhor. Conforme o tempo passa, convivendo com os loucos, ela sente cada vez mais vontade de viver. Ela acaba interferindo na vida de todos no asilo. Gostei muito da parte em que ela conhece Zedka, que lhe conta a história do poço enfeitiçado.

Algumas partes que gostei:
Imagem: Skoob
Ninguém pode julgar. Cada um sabe a dimensão do próprio sofrimento, ou da ausência total de sentido de sua vida.
Despedir-se. Esta era a parte mais difícil: uma vez num asilo, a pessoa acostuma-se com a liberdade que existe no mundo da loucura, e termina ficando viciada. 
- Por isso eu estava chorando – disse Veronika. – Quando tomei os comprimidos, eu queria matar alguém que detestava. Não sabia que existia, dentro de mim, outras Veronikas que eu saberia amar. 
[...] Estava internada num hospício, e podia sentir coisas que os seres humanos escondem de si mesmos - porque somos todos educados apenas para amar, aceitar, tentar descobrir uma saída, evitar o conflito. Veronika odiava tudo, mas odiava principalmente a maneira como conduzira sua vida - sem jamais descobrir as centenas de outras Veronikas que habitavam dentro dela, e que eram interessantes, loucas, curiosas, corajosas, arriscadas. 
[...] Da mesma maneira, entendia que sempre tivera em sua vida muito amor, carinho, proteção, mas lhe faltara um elemento para tornar tudo isto numa benção: devia ter sido um pouco mais louca. 
“Não confundam a loucura com a perda de controle. [...] 
[...] Mantenham-se loucos, mas comportem-se como pessoas normais. Corram o risco de serem diferentes – mas aprendam a fazer isso sem chamar a atenção.”
“Mas o ser humano é assim”, consolou-se. “Substitui grande parte de suas emoções pelo medo.” 
No caso daquela menina, porém, a cena era dramática - porque era jovem, estava desejando viver de novo, e todos sabiam que isso era impossível. Algumas pessoas se perguntavam: “se isso estivesse acontecendo comigo? Como eu tenho uma chance, será que a estou utilizando?”
[...] Ah, se todos pudessem conhecer e conviver com sua loucura interior! O mundo seria pior? Não, as pessoas seriam mais justas e mais felizes. 
[...] Se todos ali - e lá fora - vivessem suas vidas e deixassem que os outros fizessem o mesmo, Deus estaria em cada instante, em cada grão de mostarda, no pedaço de nuvem que se mostra e se desfaz no momento seguinte. Deus estava ali, e mesmo assim as pessoas acreditavam que era preciso continuar procurando, porque parecia simples demais aceitar que a vida era um ato de fé.
[...] No fundo, a culpa de tudo que acontece em nossa vida é exclusivamente nossa. Muitas pessoas passaram pelas mesmas dificuldades que passamos, e reagiram de maneira diferente. Nós procuramos o mais fácil: uma realidade separada. 
[...] Posso arranjar novos amigos, e ensina-los a serem loucos, para que sejam sábios. Direi que não sigam o manual do bom comportamento, descubram suas próprias vidas, desejos, aventuras, e VIVAM! [...] Posso usar minha experiência para dar conferencias sobre homens e mulheres que conheceram a verdade desta existência, e cujos escritos podem ser resumidos em uma única palavra: “Vivam”. Se você viver, Deus viverá com você. Se você se recusar a correr seus riscos, Ele retornará ao distante Céu, e será apenas um tema de especulação filosófica. 
- Todos nós vivemos em nosso próprio mundo. Mas se você olhar para o céu estrelado, verá que todos estes mundos diferentes se combinam, formando constelações, sistemas solares, galáxias. 
- Você não tem nada a perder. Muita gente não se permite amar justamente por causa disso – porque há muita coisa, muito futuro e passado em jogo. No seu caso, existe apenas o presente. 
“As pessoas vão dizer: ela saiu de Villete, e está enlouquecendo o marido! E ele entenderá que as pessoas tem razão, e dará graças a Deus porque o nosso casamento está começando agora, e nós somos loucos – como são loucos os que inventaram o amor.” 
- É grave forçar-se a ser igual: provoca neuroses, psicoses, paranoias. É grave querer ser igual, porque isso é forçar a natureza, é ir contra as leis de Deus – que, em todos os bosques e florestas do mundo, não criou uma só folha igual a outra. Mas você acha uma loucura ser diferente, e por isso escolheu Villete para viver. Porque, aqui, como todos são diferentes, você passa a ser igual a todo mundo.
Este livro fala do valor da vida e da loucura. Devemos ser mais loucos, "viver como se não houvesse o amanhã" - viver de verdade, da maneira que faz nos sentir bem, libertos da vontade alheia, das amarras da sociedade, dos nossos traumas. Sermos mais espontâneos e sinceros.

Minha avó era rígida, não me permitia algumas coisas. E por causa dela, tenho vários bloqueios. Sou certinha demais às vezes, tenho medo de fazer algo e me arrepender. Então não costumo fazer loucuras. Porém, percebo o quanto tenho deixado de viver e sei o quanto preciso me libertar. Apesar de ainda sofrer com a perda dela, o quanto sinto falta dela, vejo a oportunidade de mudar. Nas minhas metas deste ano, está o começo do processo, mas mal comecei a cumpri-las. Não sei se conseguirei sozinha, é muito difícil mesmo.

Bom, espero que eu consiga me permitir um pouco de loucura.

2 comentários:

  1. Eu já li esse livro e adorei, só não vi o filme ainda e acho que nem vou ver xD
    .
    .
    .
    Bjocas

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  2. Nunca li esse livro, e de fato é um dos poucos do Paulo Coelho que não li, nem sei porque.
    Queria muito ler, principalmente agora. :)

    Beijos da ♥ Amy | BLOG |

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